Adquirindo aeronaves na América Latina? O que você deve saber

A geografia e o cenário econômico da América Latina são apenas duas variáveis que os compradores de aeronaves particulares devem levar em consideração ao fazer aquisições na região. Felipe Reisch conversou com especialistas locais do setor para saber mais…

Felipe Reisch  |  20th March 2024
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Felipe Reisch works as a public relations consultant for private aviation companies worldwide, leading...

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Which private airplanes are popular in LATAM?


De modo geral, a América Latina tem grande potencial para se transformar em uma gigante do setor de aviação comercial. Na América do Sul, o Brasil abriga uma das principais fabricantes de jatos particulares do mundo, a Embraer Executive Jets, localizada no estado de São Paulo, e é também a nação onde se encontra a maior frota de aviões comerciais da região.

De acordo com o Vice-presidente de Vendas da América Latina da Embraer, Gustavo Teixeira, embora todos os principais mercados de aviação na América Latina tenham sua própria dinâmica, de modo geral, a América Latina difere muito do mercado de aviação comercial dos EUA.

"Entretanto, vemos que em alguns países, devido às restrições geográficas ou de insfraestrutura, requisitos técnicos específicos são extremamente importantes, como o desempenho das aeronaves em pistas curtas, as operações em condições de temperatura e altitude elevadas ou a capacidade de alcance específico", diz ele.

Juan Pablo Morales Herrerías, Diretor Comercial da mexicana Patriot Aviation, reconhece que, em termos de mercado de aeronaves seminovas, os países da América Latina têm um atraso de 15 a 20 anos em relação aos EUA (e outros mercados desenvolvidos).  Consequentemente, as aeronaves que eram vendidas nos Estados Unidos e na Europa quinze anos atrás são as que estão sendo adquiridas e utilizadas na América Latina atualmente.

Segundo Juan, ao tentar justificar o tipo de aeronave adquirida, o preço de aquisição e o custo das horas de voo têm o maior peso.

"Por exemplo, nos EUA, pessoas milionárias podem comprar sua própria aeronave de US$ 20 milhões ou pagar de 5 a 6 mil dólares por hora por um charter privado. Comparativamente, na América Latina, os usuários podem pagar US$ 3 mil por hora pelo charter (fretamento), ou adquirir um jato por $5 milhões."

A estrutura do mercado também é fundamental quando o assunto é adquirir ou possuir uma aeronave particular com mais facilidade, diz Ricardo Real, CEO da chilena Aerocardal. "O mercado chileno, por exemplo, tem mais estrutura e abertura que mercados maiores, como o Brasil e a Argentina, onde a cabotagem é ilegal. O Chile tem uma política de "céus totalmente abertos" para a operação de quaisquer aeronaves registradas.

Na mesma linha, Matías Ramírez, Diretor de Vendas da Aviasur, presente no Chile e no Peru, acredita que a grande variedade de condições econômicas e ambientes regulatórios nos diferentes países moldam a América Latina.

"Quando se trata de vendas e operações de aeronaves, isso pode criar variados níveis de demanda, dinâmicas de preços e desafios de logística e infraestrutura", ele destaca.

Os tipos populares de aeronaves particulares na América Latina

A geografia da América Latina tem influência no tipo de aeronaves mais procuradas na região. Com as montanhas andinas sendo a espinha dorsal da América do Sul, não é de surpreender que os turboélices sejam populares na região, especialmente na região do Pacífico.

Situados na região andina, Chile, Peru e Bolívia possuem aspectos geográficos singulares, observa Ramírez. "Elevadas altitudes, relevo acidentado ou regiões costeiras podem determinar os tipos de aeronaves necessárias e os desafios operacionais enfrentados pelos operadores de aeronaves".

Como aeronaves mais comuns, ele destaca turboélices como o Beechcraft King Air 200/250 e o Cessna Caravan, além de jatos como o Cessna Citation CJ4. O Cessna Citation Excel e o Citation Latitude também são populares.

O Pilatus PC-12 também vem se tornando bastante popular no Chile, devido ao seu desempenho e à geografia do país, com muitas pistas de aterrissagem curtas, de grama ou cascalho, acrescenta Real. Em termos de jatos populares, Ramírez concorda que o destaque fica para os Cessna Citations mais antigos, "além, é claro, dos modelos Gulfstream, como o G150, o G280, e o G550”.

Embora o Pilatus PC-12 seja popular também no México, Morales Herrerías comenta que os turboélices não são a primeira opção dos compradores de aeronaves, uma vez que ainda existe entre os compradores mexicanos uma crença equivocada de que os turboélices não são tão seguros quanto os jatos.

Dos modelos de jato seminovos, "eu destacaria o Hawker 800, o Embraer Phenom 300 e o Bombardier Learjet 45” entre os mais populares.

O Brasil tem seus próprios aspectos geográficos no que se refere a aeronaves adequadas para operar no país, mas é também um mercado mais maduro. Talvez não seja surpresa o fato de o Phenom 100 e o Phenom 300, construídos pela Embraer, estarem entre os jatos comerciais mais vendidos por lá na última década.

"Ambos os jatos são uma solução perfeita para os operadores brasileiros", diz Teixeira. "Eles oferecem uma plataforma confiável, versátil e de última geração que atende às necessidades de viagem dos consumidores brasileiros", que precisam de jatos básicos e leves.

Considerações para compradores de jatos particulares na América Latina

A compra de uma aeronave em qualquer continente deve ser feita com base em pesquisa e uma análise financeira completa. Entretanto, na América Latina, cada país possui sua própria estrutura de regulamentação para aviação, que pode variar em termos de complexidade, burocracia e alinhamento com as normas internacionais.

Compreender e pesquisar essas regulamentações é fundamental para quem vende e compra aeronaves, assim como para os operadores de aeronaves particulares da região.

Ramírez destaca que garantir a conformidade com as regulamentações de aviação locais, as normas de segurança e os requisitos de manutenção aumenta ainda mais a complexidade do processo de compra, podendo exigir mais tempo e recursos dos compradores. 

"Altos impostos e taxas de importação sobre equipamentos de aviação e aeronaves podem aumentar de forma significativa o custo total de compra de jatos e turboélices seminovos na região."

E Real compartilha que, embora não haja barreiras específicas para a compra de aeronaves hoje no Chile, graças a políticas internas para aumentar o tráfego aeronáutico para a aviação comercial e executiva, algumas taxas permanecem incertas, pois a discussão sobre a reforma tributária está em curso nessa nação.

"Um fator complicador para alguns proprietários de aeronaves é não ter informações sobre a nova reforma no que se refere a futuros impostos, isenções e recomendações", diz ele.

Além disso, as políticas locais de alguns países podem exigir a instalação de equipamentos específicos, o que não é necessário nos EUA (como gravadores de dados de voo), acrescenta Morales Herrerías. "Os requisitos dependerão do objetivo da aeronave, se for para uso particular ou para charter", acrescenta.

"E quando consideramos onde basear a aeronave, é importante lembrar que cidades em desenvolvimento podem ter infraestrutura limitada, o que torna difícil encontrar hangares, tripulação e pessoal de manutenção".

Com tantas questões em jogo, especialmente no Brasil, onde a compra de aeronaves é muito mais frequente que em outras nações da América Latina, felizmente existem empresas especializadas em orientar a importação de aeronaves para o país. Empresas como a Timbro Trading juntam-se ao processo quando uma aeronave é selecionada e as negociações estão em curso.

Philipe Figueiredo, CCO da Timbro Trading, comenta: "Quando o negócio é atribuído a nós, coordenamos todas as fases, como a estruturação do financiamento (quando aplicável), pagamentos, inspeções pré-compra (para aeronaves seminovas), entrega, procedimentos de exportação, logística (incluindo voos de translado) e fretes de carga (no caso de importação de helicópteros desmontados)".

Outras considerações e necessidades surgem da parte do comprador da aeronave bem antes da etapa de negociação, como a necessidade de suporte operacional e de manutenção. A esse respeito, a Embraer vem investindo continuamente para apresentar a mais ampla e extensa rede de apoio possível no Brasil.

"Outro exemplo é o treinamento", ressalta Teixeira. "A Embraer prima pelos seus recursos de treinamento. Juntamente com nossa parceira de treinamentos, a CAE, oferecemos um centro de treinamento local em Guarulhos, com simulador de voo completo para as séries Phenom 100 e Phenom 300." 

Em resumo...

Em última análise, cada um dos 19 países da região tem sua própria autoridade aeronáutica, com suas próprias regulamentações e procedimentos específicos de registro e operação. Teixeira enfatiza que isso exige atenção especial por parte dos compradores, "especialmente no que se refere à configuração da aeronave e sua respectiva aprovação de Certificação de Tipo".

Em termos de crescimento do mercado, com a Embraer sendo proprietária de mais de 300 jatos com base na América Latina e um forte pipeline futuro de entregas na região, uma tendência de alta deve continuar no que se refere à aquisição de aeronaves por lá.

Mais informações em…
Aerocardal: www.aerocardal.com
Aviasur: www.aviasur.com
Embraer Executive Jets: https://executive.embraer.com/
Patriot Aviation: https://patriotaviation.mx/
Timbro Trading: https://timbrotrading.com/

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